sábado, 15 de agosto de 2015

Um dos meus eus: o mórbido

Ora, se não sou, senão, um compêndio de mim:
minhas perguntas e irrespostas,
minhas dúvidas e minhas dubiedades,
minhas tristezas tão profundamente vividas
e minhas alegrias, efêmeras, tão queridas.

Ora, se não me vejo, senão, como um ponto
em meio a tantos pontos, juntos pontos,
parecidos pontos, massas pontos
e eu, quando me fecho em mim,
sei saber, sei ser, sei pensar,
sei eu... sei ser eu e só eu,
nada mais que eu, meu ponto de mim.

Esse eu louco, que não pensa e só pensa,
que busca sentido, sentindo e imaginando,
para essa vida também louca, para a qual
sequer espero o seu devir,
a não ser seu mais certo porvir.

E, na espera do meu porvir,
derradeiro porvir num suspirar,
vagueio-me só, procurando me encontrar.
Até lá, porvir distante ou perto,
contento-me em caminhar.